A síndrome compartimental aguda é uma emergência ortopédica que pode ocorrer após traumas, fraturas ou compressão prolongada. Se não for identificada e tratada cedo, pode levar a necrose muscular, perda sensorial e até amputação.
Neste artigo vou mostrar sinais claros, passos práticos para a conduta imediata e o que esperar do tratamento definitivo.
Por que a síndrome compartimental aguda importa
Quando a pressão dentro de um compartimento muscular aumenta, o fluxo sanguíneo diminui e os tecidos ficam em risco. Esse processo caracteriza a síndrome compartimental aguda. O tempo é crítico: cada hora que passa sem descompressão aumenta o risco de dano irreversível.
Profissionais da saúde e familiares de vítimas de trauma precisam reconhecer os sinais para agir. Abaixo você encontra uma lista clara de sinais e um guia passo a passo para a conduta imediata.
Principais causas
- Fraturas: especialmente tíbia e úmero, são causas frequentes de síndrome compartimental aguda.
- Trauma por esmagamento: acidentes com compressão prolongada.
- Contusões e edema grave: após lesão muscular intensa.
- Reperfusão: após correção de isquemia prolongada.
Sinais e sintomas que não podem ser ignorados
A apresentação clássica inclui dor intensa fora de proporção ao exame, dor aos alongamentos e tensão do compartimento. Dor progressiva e parestesias são sinais de alarme.
Segundo uma lista de bons ortopedistas em Goiânia, os cinco sinais frequentemente citados ajudam na suspeita: dor, parestesia, palidez, pulso fraco e paralisia. Nem todos aparecem juntos, então desconfie se houver dor desproporcional.
Checklist rápido de suspeita
- Dor intensa: sem alívio com analgésicos comuns e piora ao alongar o músculo.
- Palpação tensa: compartimento endurecido ao toque.
- Parestesia: dormência ou formigamento na área distal.
- Déficit motor: fraqueza progressiva dos movimentos.
Avaliação inicial no pronto-socorro
A avaliação é clínica. Meça o tempo desde a lesão e documente a evolução dos sinais. Observe o membro, compare com o lado contralateral e registre alterações sensoriais e motoras.
Quando disponível, a medida da pressão intracompartmental confirma a suspeita. Pressões absolutas acima de 30 mmHg ou delta pressão (pressão arterial diastólica menos pressão do compartimento) menor que 30 mmHg aumentam a probabilidade de necessidade de fasciotomia.
Conduta imediata: passo a passo
- Remover restrições: retire talas, gesso ou quaisquer curativos apertados que possam estar comprimindo o membro.
- Posição adequada: mantenha o membro ao nível do coração para otimizar perfusão. Evite elevar excessivamente.
- Oxigenação e analgesia: forneça oxigênio se necessário e analgésicos adequados; bloqueios nervosos podem mascarar a progressão, use com cuidado.
- Avaliar e monitorar: documente sinais vitais e reavalie dor e sensibilidade a cada 15-30 minutos.
- Notificar ortopedia: contato imediato com equipe cirúrgica. A fasciotomia é frequentemente a intervenção definitiva.
O papel da fasciotomia
Fasciotomia é a decompressão cirúrgica dos compartimentos afetados. É o tratamento indicado quando a síndrome compartimental aguda está estabelecida ou quando há forte suspeita com pressão elevada.
A cirurgia deve ser feita sem demora; atrasos aumentam a chance de necrose muscular e sequelas permanentes. O fechamento primário da pele pode não ser possível na primeira cirurgia, sendo necessária avaliação em curativos e reoperação para fechamento tardio.
Exames complementares
Radiografias ajudam a identificar fraturas associadas, mas não diagnosticam a síndrome. A ultrassonografia pode mostrar edema, e a medida de pressão intracompartmental é o exame mais específico quando disponível.
Laboratórios não são úteis para confirmar a síndrome compartimental aguda, mas creatina quinase pode subir se houver lesão muscular extensa.
Complicações se não tratada
- Necrose muscular: músculo irreversivelmente danificado levando a perda de função.
- Déficit neurológico: dano aos nervos do compartimento com parestesias permanentes.
- Infeção e falha renal: rabdomiólise severa pode causar insuficiência renal.
Quando suspeitar após cirurgia ou imobilização
Pacientes com gesso volumoso, compressão externa ou após revascularização devem ser monitorados de perto. Dor recente, necessidade de mais analgesia que o habitual ou alteração de sensibilidade no membro pedem avaliação urgente.
Onde buscar atendimento e especialistas
Procure atendimento emergencial em hospitais que possuam suporte cirúrgico. O encaminhamento pela rede local de cuidados pode ajudar você a encontrar especialistas com mais rapidez.
Resumo prático
De acordo com a equipe do Centro de Ortopedia Especializada – COE, localizado em Goiânia, identificar a síndrome compartimental aguda é reconhecer dor desproporcional, tensão do compartimento e alteração sensorial/motora.
A conduta imediata envolve remoção de compressões, posicionamento adequado, analgesia e comunicação rápida com ortopedia para fasciotomia quando indicada.
Tempo é músculo. Agir rápido salva tecido e função.
Conclusão
Se houver suspeita de síndrome compartimental aguda, não espere. Avalie clinicamente, remova compressões, posicione o membro ao nível do coração, administre analgesia e acione ortopedia sem demora.
A intervenção precoce reduz complicações graves e melhora o prognóstico. Aplique essas dicas ao reconhecer sinais suspeitos e procure atendimento urgente.