A descoberta de uma curvatura na coluna de um bebê ou criança assusta muito os pais. Quando a curvatura aparece por malformação vertebral presente desde o nascimento, chamamos de escoliose congênita. Neste texto vou explicar de forma direta como é feito o diagnóstico, como se avalia a gravidade e quais são as opções de tratamento.
Vou usar exemplos práticos e passos que você pode seguir ao notar sinais em casa. Também vou indicar quando é hora de buscar especialistas e o que esperar em cada fase do acompanhamento. Se o seu objetivo é entender melhor o problema, aqui você encontra respostas claras e aplicáveis.
O que é escoliose congênita e por que ocorre
De acordo com as palavras do Dr. Aurélio Arantes, especialista em coluna, escoliose congênita é uma curvatura lateral da coluna causada por anomalias das vértebras que surgem durante o desenvolvimento fetal. Essas anomalias podem ser fusões incompletas, vértebras em cunha ou a ausência de formação de parte da vértebra.
Ocorre por alterações no desenvolvimento embrionário. Em muitos casos a causa específica não é identificada, mas pode haver associação com fatores genéticos ou síndromes congênitas. Nem toda curvatura detectada ao nascer progride do mesmo jeito.
Como é feito o diagnóstico
O diagnóstico começa com o exame físico. O médico observa a postura, a simetria dos ombros e do tronco e faz testes simples, como o teste de flexão para frente.
- Exame físico: Inspeção, palpação e testes de simetria.
- Radiografias: São essenciais para ver o tipo de anomalia e medir o ângulo de curvatura.
- Tomografia ou ressonância: Indicadas quando se precisa avaliar detalhes das vértebras ou estruturas neurológicas associadas.
Além disso, é comum investigar outras malformações que podem acompanhar a escoliose congênita, como problemas renais ou cardíacos. Um diagnóstico completo ajuda a planejar o acompanhamento e o tratamento adequados.
Como se avalia a gravidade
A gravidade é avaliada pelo tamanho da curvatura e pela tendência de progressão. Medimos o ângulo de Cobb nas radiografias para quantificar a curvatura.
Mais importante que o número é entender o risco de progressão. Curvaturas em crianças muito pequenas tendem a piorar, porque a coluna ainda tem muito crescimento pela frente.
- Pequena: Ângulo menor que 20 graus, com baixa chance de progressão imediata.
- Moderada: Ângulo entre 20 e 40 graus, acompanhamento próximo é necessário.
- Severa: Acima de 40 graus, pode exigir intervenção cirúrgica dependendo do crescimento restante.
Opções de tratamento
O tratamento depende da idade da criança, do tipo de anomalia e do risco de progressão. Existem três abordagens principais: observação, tratamento conservador e cirurgia.
Observação e acompanhamento
Para curvaturas pequenas ou com baixo risco de evolução, o caminho é observar com radiografias periódicas. O objetivo é detectar sinais de piora precocemente.
Consultas regulares com o especialista monitoram crescimento e curvatura. A frequência de imagem varia conforme o risco.
Tratamento conservador
O uso de coletes ortopédicos pode ser indicado em crianças ainda em fase de crescimento, quando a curvatura tem chance de progredir. O colete não corrige uma anomalia vertebral congênita já formada, mas pode ajudar a controlar a progressão em alguns casos.
Fisioterapia tem papel de suporte: melhora do equilíbrio, fortalecimento e educação postural. A fisioterapia não substitui cirurgia quando esta é necessária, mas ajuda na qualidade de vida.
Cirurgia
A cirurgia é indicada quando a curva é grave, progride rapidamente ou ameaça função respiratória e qualidade de vida. O objetivo é estabilizar a coluna, corrigir a deformidade e permitir desenvolvimento mais normal do tórax.
Existem técnicas específicas para crianças pequenas que permitem controlar a curva sem bloquear completamente o crescimento, como dispositivos expansíveis. A escolha da técnica depende do padrão da anomalia e da idade.
Riscos e acompanhamento a longo prazo
Caso a escoliose congênita progrida sem tratamento, pode haver dor crônica, deformidade visível e comprometimento da função pulmonar em curvas torácicas severas. O acompanhamento multidisciplinar reduz esses riscos.
Após cirurgia, o acompanhamento inclui fisioterapia, controle de complicações e radiografias periódicas. Em adultos com histórico, é importante manter o seguimento para avaliar dor e função.
Quando procurar ajuda e que especialista procurar
Procure avaliação se notar ombro mais alto, assimetria na cintura, costelas salientes ao flexionar o tronco ou sinais de encurvamento em bebês e crianças. Quanto antes o problema for identificado, melhores são as opções de manejo.
Conforme aponta um médico ortopedista de coluna em Goiânia, a avaliação e o tratamento adequados devem ser conduzidos por um especialista experiente em coluna pediátrica ou por um ortopedista de coluna, com orientação específica e realização dos exames de imagem necessários.
Pontos práticos para pais e cuidadores
- Observação: Fique atento à postura e às assimetrias desde os primeiros meses.
- Acompanhamento regular: Radiografias quando o especialista recomendar.
- Intervenção precoce: Quanto mais cedo o risco de progressão for identificado, mais opções conservadoras existem.
- Rede de apoio: Consulta com fisioterapeuta e equipe multidisciplinar para suporte global.
Escoliose congênita exige atenção, mas nem sempre significa cirurgia imediata. Com diagnóstico preciso, acompanhamento adequado e decisão compartilhada com a equipe médica, é possível reduzir riscos e melhorar a qualidade de vida. Se você suspeita de escoliose congênita em seu filho, procure avaliação especializada e aplique as orientações discutidas aqui.